Transtorno do espectro do autismo (TEA)

icone Quais os profissionais que podem diagnosticar, acompanhar e elaborar um plano de tratamento para uma criança ou adolescente com TEA?

Os mais indicados seriam os psiquiatras especialistas no atendimento de crianças e de adolescentes e neuropediatras. Tais profissionais devem preencher alguns critérios que julgamos essenciais:

  • Experiência de longa data diagnosticando, tratando, acompanhando e/ou dedicando-se às pesquisas, com produção de artigos, cursos e livros relacionados ao TEA;
  • Conhecimento técnico especializado, com atualizações teórico-práticas contínuas no tocante às características clínicas, envolvendo o TEA (Ex: treinamento especializado na aplicação de instrumentos de diagnóstico mais sofisticados) permitindo uma avaliação criteriosa e maior precisão na conclusão do diagnóstico;
  • Avaliação clínica focada não exclusivamente no diagnóstico, mas abrangendo acompanhamento evolutivo, planejamento do tratamento (com elaboração de propostas pautadas em critérios científicos bem estabelecidos, domínio das intervenções psicofarmacológicas quando indicadas, manejo e tratamento das doenças frequentemente associadas, suporte aos familiares diante das dificuldades surgidas frente ao diagnóstico, evolução e intercorrências nas diversas fases do desenvolvimento etc.;
  • Capacidade técnica para elaboração de laudo médico, específico para o TEA, laudo este de com caráter tecnicamente consistente, embasado cientificamente. As solicitações de laudos técnicos, relacionados ao TEA, vêm crescendo de forma marcante. Tais solicitações são feitas por parte dos pais, dos profissionais inseridos no acompanhamento do paciente, das instituições de acompanhamento especializadas, das escolas, dos planos de saúde (convênios de saúde) bem como, da utilização dos laudos como instrumentos técnicos em ações judiciais etc. Com o crescimento das solicitações, cresceram também as exigências de um melhor conteúdo técnico por parte dos profissionais que elaboram esses laudos.

Com o grande avanço científico, conseguido nos últimos trinta anos, estão sendo produzidos dados para uma melhor compreensão dos fatores que causam o TEA (etiológicos e fatores de riscos), das doenças associadas, do desenvolvimento de instrumentos de diagnóstico e de triagem, sofisticando o diagnóstico precoce, da implementação de intervenções precoces, do surgimento de novos fármacos, inseridos dentro das intervenções psicofarmacológicas (usados quando os critérios de indicação se fazem necessários), das técnicas de suporte psicológico aos pais e dos serviços com equipe interdisciplinar, cada vez mais preparados tecnicamente para o acompanhamento das crianças e adolescentes com TEA e o apoio aos familiares. Todo esse conhecimento resulta em ganhos concretos para a qualidade de vida das crianças, dos adolescentes e dos adultos com TEA, refletindo igualmente na qualidade de vida dos pais ou dos cuidadores (visto que a maioria dos pais é submetida a condições de estresse contínuo - começando no momento do conhecimento do diagnóstico e se estendendo durante o período do tratamento - e a possíveis intercorrências e incertezas quanto à evolução e futuro de suas crianças).

Achamos pertinente essa explanação, pois, tais progressos têm exigido cada vez mais investimento e dedicação na capacitação técnica (tanto prática, quanto teórica) por parte dos profissionais, principalmente os médicos que trabalham com procedimentos direcionados ao diagnóstico, na indicação de intervenções terapêuticas baseadas em critérios de eficácia científica, no suporte aos familiares e nas pesquisas voltadas ao TEA (no caso dos profissionais que optaram por esse campo).

De acordo com o WEBSITE autismorealidadade.org.br, a formação de um especialista em TEA pode chegar a 11 anos, somando-se os seis anos da graduação em medicina, mais quatro anos de residência médica (que confere o título de especialista), sendo três anos para a formação em psiquiatria geral e mais um ano de residência para a formação em psiquiatria da infância e adolescência. Para os neuropediatras, a formação seria um pouco mais longa, os primeiros três anos fariam parte da residência em pediatria e mais dois anos em neurologia infantil necessários para o título de neuropediatra. O autismorealidade.org.br presta um grande serviço à população, divulgando informações bem relevantes para quem procura um profissional minimamente capacitado para o acompanhamento de suas crianças e de seus adolescentes.

Na nossa opinião, a função de um especialista, em determinada área da medicina, não deveria se resumir exclusivamente ao diagnóstico, principalmente quando falamos do TEA (com toda a sua complexidade, tornando-o heterogêneo, multifatorial, com peculiaridades em sua apresentação clínica, em seu diagnóstico, em seu tratamento etc). Exigindo dos profissionais envolvidos não apenas dedicação e formação técnica, mas também anos de experiência dedicados ao acompanhamento dessas crianças e adolescentes.

FONTE: https://www.autismorealidadade.org.br (acessado em: 04/08/2021).